Keli,
Estou praticando MUITO e diariamente o bisturi da
compaixão, percebo como, o perdão a compaixão é mais fácil de ser praticada com
os outros, do que conosco, entender os deslizes dos outros é de certa forma
fácil, mas aceitar que eu deslizo! Meu Deus, o ego reclama MUITO.
Mas, pude perceber também que tenho que aplicar o
bisturi muito mais vezes por dia comigo mesma do que com outros! Incrível! Pois
meu ego vivia me dizendo que a culpa era dos outros, que os outros me
irritavam....sabe? Agora vejo que não é bem assim, tenho que ter muita
paciência comigo mesma!
O ego, egoísmo, nos leva a uma cegueira total e para
tirar essa cegueira não é fácil! Preciso de muito bisturi! Diariamente!
Vi que não adianta aceitar um conceito como verdade, é
preciso praticá-lo, não é? Por exemplo, aceitar a compaixão é fácil, praticá-la
é difícil e desprende muita energia.
Mesmo se eu saísse fazendo caridade por aí e não
tivesse o entendimento do que é realmente compaixão, não seria
completo....adiantaria....seria bom também, mas não seria pleno, né?
Outra coisa que pensei em relação a isso, é que sinto
uma certa frustração de não ter internalizado tão plenamente esse conceito
antes, minha vida seria diferente, talvez tivesse usufruído mais e tido menos
problemas e mais alegrias, menos brigas. Por que não fiquei pronta antes? Mas,
ao mesmo tempo tenho o pensamento que vem em forma de resposta, que é assim: -
não temos como internalizar tudo ao mesmo tempo e nem estar pronta! Nunca
estaremos! As coisas são reveladas aos poucos, sei que mesmo querendo e
conhecendo o conceito da compaixão não estava pronta para conhecê-lo na
integra. Por que não sei e também não sei o que destravou a porta que abria
para a sala da compaixão. Também, não podemos saber tudo, só sei que se estou
aprendendo estou no caminho certo, o que mais quero é que Deus me ensine!
Bjs
Clarissa
Clarissa
querida,
Somos
seres de hábitos e para instalar um habito é preciso repetir o novo
comportamento todos os dias até que ele passe ao piloto automático. Como disse
Aristóteles, ¨a repetição é a mãe da sabedoria¨. O processo de mudança parece
seguir alguns passos:
INCONSCIENTE
– SEM HABILIDADES
CONSCIENTE
- SEM HABILIDADES
CONSCIENTE
– HABILIDOSO
INCONSCIENTE
– HABILIDOSO
Vou
explicar cada um deles para ficar mais claro onde quero chegar com esta ideia:
INCONSCIENTE
– SEM HABILIDADES
Esta
é a fase em que não temos consciência da necessidade de mudança e portanto não
desenvolvemos as habilidades para tal. Por exemplo, penso que as pessoas são
culpadas por determinadas coisas, me irrito, me sinto magoada, triste, não
enxergo que o poder de mudança está em minhas mãos e portanto não sou capaz de
fazer o que precisa ser feito para resolver as questões.
CONSCIENTE
- SEM HABILIDADES
Esta
é a fase em que percebo que algo não vai bem, não está funcionando e começo a
me tornar consciente que preciso mudar, que o poder está em minhas mãos, que a
responsabilidade é minha e isto pode causar ansiedade, angustia porque ao mesmo
tempo que sei que sou responsável, não tenho desenvolvidas as habilidades para
mudar o que preciso mudar. A boa noticia é que ¨temos dentro de nós tudo que
precisamos para resolver os problemas¨ e quando nos tornamos conscientes,
podemos ter acesso a estes recursos. Seguindo o exemplo, nesta fase nos damos
conta de que todos estamos em processo de evolução e aprendemos de maneira e em
ritmos diferentes, que não podemos mudar os outros e sim a maneira como os
vemos, como interagimos com eles.
Se
entendemos compaixão como a capacidade de aceitar o processo exatamente como
ele ocorre e quando ocorre, o seu e o dos outros, compaixão significa olhar e
sentir o que acontece com amor, sem querer controlar as coisas, sabendo que
tudo tem seu tempo. Uma flor não nasce mais rápido ou mais devagar porque
pensamos que deveria florescer mais lentamente ou mais rapidamente. A natureza da qual somos parte nos ensina a
compaixão de uma maneira simples e real. É deixar fluir e seguir o impulso
desta energia, sem julgar, sem comparar, sem condenar. Simplesmente
aproveitando cada momento para aprender, para transformarmo-nos em pessoas melhores. E com estes
conhecimentos vamos desenvolvendo as habilidades necessárias, aprendendo a
fazer diferente e passamos para a fase seguinte.
CONSCIENTE
– HABILIDOSO
Esta
é a fase do treinamento, da repetição da nova forma de ver, de sentir, de
agir. Esta etapa não é fácil porque
percebemos as coisas com mais clareza, nos deparamos com as dificuldades de
agir de maneira diferente. É hora de ¨orar e vigiar¨ como nos ensinou Jesus.
Precisamos de disciplina para continuar usando o bisturi da compaixão. A
primeira compaixão, e a que garante ter compaixão pelo outro, é a por si mesma.
Vigiar todo o tempo para não voltar ao padrão antigo requer muita energia, mas só no começo porque
depois de treinar e treinar e treinar atentamente passamos para a fase em que
não precisamos mais pensar para atuar de acordo com o novo habito porque passa
para o piloto automático.
INCONSCIENTE
– HABILIDOSO
Nesta
fase agimos respeitando o processo exatamente como ocorre, no tempo em que
ocorre e de uma maneira natural porque já faz parte de nosso modelo mental, de
nosso sistema de crenças e nos guiamos assim, sem esforço e habilidosamente.
Se
tudo acontece a seu tempo e da maneira que precisa acontecer, estar pronta
antes só seria possível se fosse o momento de estar pronta. É como a historia que te contei dos meus
girassóis no jardim. Eu sempre plantava sementes de girassol e depois de um
tempo, como viajava muito a trabalho, parei de plantar as sementes. Um ano
depois que tinha parado de plantar, um dia quando abro o portão vejo um lindo
girassol florescendo... Pensei que havia sido minha secretária, mas não tinha
sido ela... a semente ficou ali adormecida um ano e só floresceu no seu tempo,
provocando um sorriso em mim. Tudo acontece no tempo que tem que acontecer e
nossa alma pode educar nosso ego, a medida que vamos eliminando o medo e
deixando o amor entrar e nos curar. E para finalizar com chave de ouro um pouco
mais de Jesus: ¨Ama ao próximo como a ti mesmo!¨
Abraços
no coração querida.
Keli
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